sexta-feira, 4 de abril de 2008

A CRISE DO BCP CONTADA ÁS CRIANCINHAS

Era uma vez um Jardim à beira-mar abancado, nascido na ilha do outro Jardim. Embora terreno fértil, tanto que presidia ao Banco da Agricultura, dava-se mal com os Cravos. Fugiu para Madrid até lhe passar a alergia. Volta uns aninhos depois, convidado por peixes muito graúdos, validando a máxima de ser preciso que algo mude para que tudo fique na mesma. E a mesma chamava-se agora Banco Português do Atlântico. Foi então que alguns empresários quiseram ter um banco norteado pelos interesses do Norte. Nascia o BCP. E nascia o mito: Deus amava a todos, mas amava mais o Opus Dei. A prová-lo os sucessivos milagres da multiplicação do capital. Muito cresceu este divino enlace, até ao ponto de toda a Nação endeusar o engenheiro misógino, exemplo perfeito de que a humildade cristã não é incompatível com o uso de helicópteros para chegar a horas ao emprego. Depois aconteceu uma cena do caralho, chamada 2005. Nascia um Pinto no Jardim, e a ave-rara acreditou servirem as asas para voar. Só que Ulrichou-se passado muito pouco tempo, e o Jardim transformou-se numa selva. Durante meses ninguém sabia no que apostar, se no parricídio, se no gnaticídio, se no raticídio. Pareceu que uma planta carnívora tinha abocanhado o Pinto, mas o galináceo vingou-se recorrendo ao artista madeirense Joe, um palhaço rico. Este veio para a rua à procura do Procurador, agitando segredos relativos ao carinho de um pai pelo seu dilecto filho e outros números do musical My Love is Offshore. Foi só nessa altura que os accionistas deram razão a Nietzsche: Deus tinha morrido e ainda podia ir parar ao Torel. Grandes bancos, grandes remédios. E o maior remédio vinha dos Santos. Deus ressuscitava a 97,76 %.
Pelo meio, um tonto que dirige um jornal Público afirmou que o PS estava a lançar uma OPA sobre o BCP, e conseguiu não ser despedido. Outro ainda mais tonto, que simula dirigir o PSD, veio dizer que isto do BCP era uma Caixa para duas pegas, pelo que se havia mão esquerda num lado teria de haver mão direita no outro. Naturalmente, ninguém lhe prestou atenção, pois estavam todos a trabalhar e não podiam tomar conta do miúdo. Quando o Governo resolveu o que se Faria, o garoto não descansou e caprichou continuar com a brincadeira. Desta vez, apetecia-lhe que o Estado se abstivesse na escolha para o BCP. Isto porque, afinal, o que era fixe era ter duas mãos direitas, os canhotos podiam esperar. Entretanto, desconfia-se que há um tonto a governar o Banco de Portugal. Pelo menos, há motivo para tonturas.

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