quarta-feira, 16 de abril de 2008

EM BUSCA DA FELICIDADE

“A procura da felicidade tem sido a meta do ser humano e tem mobilizado também muitos pesquisadores em todo o mundo.”

“O esforço de estar atento ao mundo, participando da vida, vale a pena.”

Muitos de nós estão fazendo força demais para demonstrar felicidade aos outros e sofrendo por dentro por causa disso.”
‘Pascal Brucker’

Constantemente são lançadas pesquisas sobre índices de violência, de insegurança, de morte, de vida. No entanto, pouco se comenta sobre a felicidade parece que saiu de moda. O escritor e psicólogo americano Robert Wright, em um artigo para a revista Americana Time, escreveu que as leis que governam a felicidade não foram desenhadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de sobrevivência dos nossos genes a longo prazo.
Buscar a felicidade tem sido a meta do ser humano no mundo e nos últimos anos cada vez mais pesquisadores se tem debruçado na busca desse combustível que move a humanidade. Encaminhei um e-mail da minha caixa postal para 205 pessoas perguntando o que é a felicidade? O que elas fazem para serem felizes? As respostas foram as mais variadas possíveis.
Pó dicionário eletrônico Aurélio define a felicidade como uma qualidade ou estado de quem é feliz, significa ter bom êxito, boa fortuna; dita, sorte. Na opinião do administrador de empresas, Carlos Fernando Farias, casado, pai de dois filhos, a felicidade é viver equilibradamente com a família e os amigos. “Dedico-me a minha família e amigos, preservo a minha saúde e a dos meus filhos e procuro desenvolver o meu trabalho com criatividade, responsabilidade e profissionalismo”, comentou.
A felicidade força a estudar, trabalhar, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro, fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para lutar por elas.mas tudo isso é ilusão. A cada vitória surge uma nova necessidade.
“A felicidade é um truque disse a catadora de papel Guilhermina Silva. Se ela é um truque nos temos levado esse truque muito a serio. Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação. As pessoas tristes são vistas como; indesejadas, como fracassadas completas.
A doença do momento é a depressão. o escritor francês Pascal Brucker, autor do livro “A Euforia Perpetua”, diz que a depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo o preço. “muitos de nós estão fazendo força demais para demonstrar felicidade aos outros e sofrendo por dentro por causa disso. Felicidade está virando um peso: uma fonte terrível de ansiedade”, diz ele.
De acordo com o psicólogo Gleidson Marques, a felicidade é algo extremamente subjetivo, é algo que varia de pessoa para pessoa e até de posição social e econômica. “A pessoa consegue ser feliz quando ela pára e percebe o que deseja da vida dela”, comentou.
O assunto até á bem pouco tempo era desprezado pelos cientistas, mas, na última década, um número cada vez maior deles, alguns influenciados pelas idéias de religiosos e filósofos, tem se esforçado para decifrar os segredos da felicidade. A idéia é finalmente desmascarar esse truque da natureza. Entender o que nos torna mais ou menos felizes e qual é a forma ideal de lidar com a ansiedade que essa busca infinita causa.
No website da Universidade da Pensilvânia (http://www.upenn.edu), o psicólogo americano Martin Seligman, desenvolve há alguns anos uma pesquisa sobre o assunto e diz que a felicidade é na verdade a soma de três coisas diferentes: prazer, engajamento e significado.
Prazer, de acordo com o Aurélio, é uma sensação ou sentimento agradável, harmonioso, que tende a uma inclinação vital; alegria, contentamento, satisfação, deleite. É uma sensação que costuma tomar conta do nosso corpo quando dançamos uma musica boa, ouvimos uma piada engraçada, conversamos com um bom amigo, fazemos sexo ou comemos chocolate.
O escritor e professor universitário Rinaldo Fernandes disse que felicidade é escrever, é encontrar a palavra certa da frase. “Melhor do que escrever só o ato sexual, talvez a mais importante forma de êxtase e prazer que existe”, acrescentou. Um jeito fácil de reconhecer se alguém está tendo prazer é procurar em seu rosto por um sorriso e por olhos brilhantes.
Engajar-se consiste em empenhar-se em uma determinada atividade ou empreendimento. O engajamento é a profundidade de envolvimento entre a pessoa e a sua vida. Um sujeito engajado é aquele que está absorvido pelo que faz, que participa ativamente da vida. E, finalmente, significado é a sensação de que a nossa vida faz parte de algo maior.
“Buscar a felicidade é uma meta meio vaga, fica difícil até de saber por onde começar, mas se você se conscientizar de que basta juntar essas três coisas – prazer, engajamento e significado – para a felicidade vir de brinde, a tarefa torna-se menos penosa”, garante o psicólogo americano Martin Seligman.
Seligman nos seus estudos acrescenta ainda que um dos maiores erros das sociedades ocidentais contemporâneas é concentrar a busca da felicidade em penas um dos três pilares, esquecendo os outros. E geralmente escolhemos justo o mais fraquinho deles: o prazer. “Engajamento e significado são muito mais importantes”, disse ele numa entrevista à Time.
Algumas pessoas são capazes de engajar em tudo: entram de cabeça nos romances, doa-se ao trabalho, dão tudo de si a todo o momento. Isso é raro e nem sempre é bom (inclusive porque gente engajada demais tende a negligenciar outros aspetos da vida, em especial o prazer). Ninguém precisa ir tão longe, mas o esforço de estar atento ao mundo, participando da vida, vale a pena.

Normas

“Toda a infelicidade dos homens provém da esperança”
‘Albert Camus’

Os EUA é o único lugar do mundo em que existe verba suficiente para fazer e mandar desfazer qualquer tipo de pesquisa sobre o comportamento da humanidade e a sua evolução. Há cinco anos, por exemplo, o pesquisador Mihaly Csikszentmihalyi (pronuncie “txicsentmirrái”), da Universidade de Chicago (http://beta.uchicago.edu/), estuda o fenômeno cerebral chamado “fluxo”, que ocorre quando o engajamento numa atividade se torna tão intenso que dá aquela sensação boa de estar completamente absorto, a ponto de esquecer o mundo e perder a noção do tempo, ou seja a noção do tempo, ou seja é um estado de alegria quase perfeita. Esse fenômeno acontece com monges em estado de meditação, mas também em situações muito mais comuns como ao tocar um instrumento, andar de bicicleta ou até mesmo ao consertar a estante da casa. Um, outro; pesquisador,o americano Richar Davidson, da universidade de Wisconsin (http://sk.com.br/sk-uwsp.html). Observou em laboratório que as pessoas em estado de fluxo ativam uma região do cérebro chamada córtex pré-frontal esquerdo,o que pode ter uma série de efeitos no organismo, inclusive um melhor funcionamento do sistema imunológico. Ao longo de um estudo realizado na Holanda, pessoas que entravam em fluxo tiveram o seu risco de morte reduzido em 50%, por reagirem melhor a doenças. E como se entra no tal fluxo? Csikszentmihalyi afirma que o segredo é buscar atividades nas quais se possa usar todo o seu talento. Tem de ser um desafio não muito fácil a ponto de ser entediante, nem tão difícil que se torne frustrante. Procurar experiências desse tipo é recompensador e traz níveis bem altos de felicidade.

‘Adriana Crisanto’

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