terça-feira, 8 de abril de 2008

O HOMEM, A FRONTEIRA FINAL

“Os 40 anos de ‘2001, uma Odisséia no Espaço’ e os outros nove melhores filmes de ficção cientifica”

Primeiro, são os homens das cavernas. Depois, o monólito misterioso. Em seguida, a descoberta das ferramentas – mas também das armas. Quando menos se espera, o pulo no tempo, o espaço. A fronteira final, já tinha dito o seriado ‘Jornada nas Estrelas’. Mas para ‘2001, uma Odisséia no Espaço’ de 1968, que completou á poucos dia 40 anos e foi relançado este mês em DVD numa edição dupla, a fronteira final é o próprio homem.

Para muita gente, o filme de Stanley Kubrick é tão indecifrável quanto o próprio monólito que surge em alguns momentos de 2001. a exploração espacial ganhou doses de suspense – na luta dos astronautas contra o supercomputador HAL-9000, que enlouquece e tenta matar todos na nave Discovery a caminho do planeta Júpiter – e também muita filosofia.

2001 teoriza sobre o passado e o futuro da humanidade – um futuro que se passa no ano-título, mas que vai muito além. A odisséia final é a evolução do ser humano, o passo adiante. Não admira que os minutos finais impressos na tela seja um quebra cabeças difícil de montar.

No lançamento o impacto visual certamente minimizou esse efeito. Filmado em 70 mm, nunca antes o espaço e o futuro pareceram tão realistas. O balé das naves ao som da valsa “Danúbio Azul”, de Johann Strauss, é apenas um dos momentos inesquecíveis.

A música do filme envolve uma das inúmeras histórias reais e lendas acerca da produção. Kubrick havia contratado Alex North, com quem tinha trabalhado em ‘Spartacus’, em 1960, para criar a trilha sonora de 2001. em cima da hora do lançamento, resolveu não usá-la e, sim, música clássica- além do “Danúbio Azul”, ficou famosa a abertura com “Assim falou Zaratustra”, de Richard Staruss. Conta-se que North só descobriu que havia ficado de fora na estréia do filme. A trilha original acabou sendo lançada no CD Alex North’s 2001.

Uma das lendas diz respeito ao nome do computador HAL. As três letras são imediatamente anteriores a IBM, marca famosa de um fabricante de computadores. Não seria por acaso... Mas Arthur C. Clarke, autor do conto original e co-autor do roteiro, diz no seu livro continuação, ‘Odisséia II’ que HAL significa Computador Heurístico Algorítimo.

Adaptando o conto ‘The Sentinel’ de 1948, Kubrick e Clarke trabalharam em paralelo; um desenvolvia o roteiro e o outro ampliava a historia para um romance – que teria nome igual ao do filme. ‘Odisseia II’ acabou virando o filme ‘2010, o Ano em que Faremos Contato’ de 1984, de Peter Hyams, sem um décimo da repercussão do original.

Se nunca fomos além da Lua nas viagens espaciais, muito do futuro imaginado em 2001 já chegou. O videofone, entre elas, mas essa não é a questão que importa no filme – e sim a trajetória do homem. E se você não entendeu o filme, não se preocupe. Pode tentar a explicação animada que está no site Kubrick 2001:

http://es.kubrick2001.com/

Mas o próprio Arthur C. Clarke, já havia dito:

- “Se você entender completamente 2001, nós falhamos. Nossa intenção era levantar muito mais questões que respondê-las”.

Renato Felix

“2001, uma Odisséia no Espaço”

1968 de Stanley Kubrick

No sentido horário, a evolução filosófica do homem, a tecnologia, o duelo entre homem e computador e Kubrick em ação, no incrível cenário de 2001

“Metropolis”

1926, de Fritz Lang

O mestre alemão concebeu um futuro em que a sociedade está dividida entre uma elite que vive na superfície e os trabalhadores que a sustentam, dando duro no subterrâneo. Como eles se reúnem em torno de Maria (Brigitte Helm, um cientista cria um robô para tomar o lugar dela e semear a discórdia. Antológico o filme inspirou inúmeros outros pelos anos seguintes, como ‘Blade Runner’ de 1982, para ficar em penas um.

“O dia em que a Terra Parou”

1951, de Robert Wise

O mundo estava mergulhado na Guerra Fria e começando a corrida espacial quando Wise dirigiu este filme fundamental, no qual um extraterrestre vem à Terra para avisar que a comunidade intergaláctica não está a fim de tolerar as nossas tendências belicistas. Quem o ajuda é uma dona de casa absolutamente normal, que também lhe dá a ele uma visão mais humana.

“Vampiros de Almas”

1956, de Don Siegel

Filme B que é uma reflexão sobre a paranóia anticomunista nos EUA. Alienígenas começaram uma invasão da Terra por uma cidadezinha norte-americana: copias sem qualquer emoção e que agem sem qualquer individualidade trocam de lugar com os habitantes. Qualquer semelhança com a idéia que se fazia dos “perigos vermelhos” não é mera coincidência. Teve três refilmagens.

“O planeta dos Macacos”

1968 de Franklin J. Schaffner

Na volta à Terra astronautas acabam parando num planeta onde os símios são os inteligentes e os humanos, tratados como animais. O conflito não demora a acontecer, numa irônica visão do papel do Homem e seus preconceitos com os “diferentes” refletidos contra si. O filme caminha para um dos mais impactantes finais da história do cinema. Teve quatro continuações e mais uma filmagem.

“Guerra das Estrelas”

1977, de George Lucas

Com elementos de faroeste e capa e espada, Lucas criou a sua saga espacial inspirada bem menos em ciência do que nos antigos seriados de aventura do cinema. No fundo, é uma história de princesas e cavaleiros com roupagem no espaço e, com ajuda do merchandising, criou uma mitologia em torno de si sem paralelo no cinema, com personagens memoráveis, como o vilão Darth Vader. Teve cinco continuações.

“E.T., o Extraterrestre”

1982, de Steven Spielberg

Spielberg já tinha mostrado, em ‘Contatos Imediatos do Terceiro Grau’ de 1977, que o alienígena não precisa ser uma ameaça – subvertendo a idéia geral do cinema nas décadas de 1950 e 1960. mas ao colocar um E.T. criança em contato com crianças da Terra, ele tocou os corações como poucas vezes o cinema conseguiu. Aqui, os adultos , que não entendem as crianças, é que são os alienígenas.

“Blade Runner, o Caçador de Andróides”

1982, de Ridley Scott

O que faz de alguém um ser humano? Blade Runner faz essa pergunta enquanto coloca um detetive (Harrison Ford) em perseguição a um grupo de andróides rebelados (os “replicantes”). Um deles, vivido por Rutger Hauer, demonstra ter uma dimensão filosófica tão grande ou maior que seu algoz, ao reinvindicar o simples direito de existir. O visual futurista de uma Los Angeles chuvosa e super populosa marcou a época.

“De Volta ao Futuro”

1985, de Robert Zemeckis

O melhor filme sobre viagens no tempo: Marty McFly (Michael J. Fox) viaja de 1985 a 1955 em um carro DeLorean. O problema fica ainda mais delicado quando ele impede, sem querer,o primeiro encontro de seus pais e sua futura mãe se apaixona por ele. O genial argumento é base para uma aventura muito divertida e esplendidamente executada. Teve duas continuações à ltura.

“Matrix”

1999, de Andy e Larry Wachowski

Aqui, a cybercultura é a alma. Neo (Keanu Reeves) descobre que o mundo em que vive é uma mentira – uma reprodução virtual criada por máquinas que escravizaram a humanidade, no mundo real. Aprender a usar esse ambiente para libertar os seres humanos é o objetivo que leva a muita pancadaria, barulho e a um coquetel de referências culturais e filosóficas.

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